Água mole em pedra dura...

Quantas vezes já falamos sobre a falta de espaço na mídia para a música independente, de “jabá” e do quanto é difícil conseguir viver de música no Brasil se o artista não é contratado de uma grande gravadora? Sim, é uma pergunta difícil. Não, não vou fazer você voltar para a primeira página e contar post por post! Basta dizer que esse blog foi criado para isso.

Você pode se perguntar: “mas será que é assim tão difícil?”. Em minhas “andanças virtuais” encontrei uma matéria no YouTube onde músicos e produtores independentes falam do “trabalho de formiguinha” que precisam enfrentar até que tenham seus trabalhos reconhecidos. A matéria foi feita em 2006, mas infelizmente contínua atual porque no esquema música/gravadora/rádio nada mudou.

Até o Lula já dançou

Em 1986 nascia no bairro de Jordanópolis, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), em meio a efervescência cultural e política da época, uma banda chamada Sufrágio. Com influência do rock 80´s como Joy Division, The Cure e The Smiths, do experimentalismo do Radiohead e do “BritPopRockGlam” andrógino do Placebo, já da década de noventa, suas músicas nos levam de volta aos tempos em que o rock não era apenas um estilo musical, mas também um modo de se viver.

O inicio foi marcado por shows no circuito alternativo do ABC e comícios do PT. E como toda banda que está começando, também tocaram em bailes de debutantes e aniversários de família, com direito a Lula e Celso Daniel na platéia. Depois veio São Paulo. Arcênico, Madame Satã - que virou Morcegóvia, depois TheThe e hoje voltou a ser Madama Satã - Borracharia, Alternative, botecos na Vila Madalena, Juke Joint, Marrou, Funhouse, Matrix e incontáveis outros lugares.

Com 22 anos de estrada, o Sufrágio é uma banda que tem muitas histórias para contar. “Em um show, no Largo do Paissandu, o Reinaldo tropeçou no palco, caiu, voou cerveja para tudo que é lado, mas continuou a performance com a guitarra e a galera vibrava na platéia, achando tudo aquilo o máximo. E foi!”, conta Emil, baixista da banda. “Outro momento muito legal foi quando tocamos na Fnac de Campinas, em 2006, junto com o Odair José e o Los Pirata!”, referindo-se ao pocket show realizado para o lançamento do cd “Vou Tirar Você Desse Lugar - Tributo a Odair José", gravado pelo Pato Fu, Zeca Baleiro e bandas do cenário independente. O Sufrágio participou do tributo gravando, com uma roupagem nova, a clássica e talvez mais conhecida "Cadê Você?".

No ano passado, começaram um novo projeto, o “My New Device”. Segundo os próprios integrantes, o “My New Device é uma banda de rock com elementos de música eletrônica. É um projeto musical com o intuito de reunir pessoas pra se divertir com riffs, bases, timbres e batidas dançantes, vibrantes.”.

Quer conhecer melhor o som das duas bandas e de quebra, baixar no “vasco”? Clica ai:

Sufrágio

My New Device

Agora, para melhorar a sua quarta-feira, ouça "Villain", do álbum "People Are Just Some Part of Your Head", lançado em 2004. E se depois de ouvir, você não ficar cantando sozinho a parte "pa pa pa ra pa pa pa ra ra ra", a Sany ou a Pati - ficará a seu critério - irá limpar sua casa durante um mês, super na faixa!

Se joga!!!

As 10 mais tocadas

Empresas de comunicação multimídia que inclui rádio, TV, sites e gravadoras com variados interesses econômicos, podem interferir na forma de abordagem de temas culturais ou na escolha deste e não daquele tema.

Boletim Virgula é um programa diário de um minuto de duração, dentro da programação da Jovem Pan, onde os ouvintes ficam sabendo das principais notícias, promoções e conteúdos exclusivos do Virgula.com.br. No portal, existe uma lista das 10 músicas mais tocadas nas rádios brasileiras na última semana. (Pesquisa feita dia 16/08).

São elas:

01 Zezé Di Camargo & Luciano - Fui Eu - SONY
02 Latino - Festa No Apê - UNIVERSAL
03 Bruno & Marrone – Inevitável - SONY
04 Skank - Vamos Fugir - SONY
05 Zeca Pagodinho - Cadê Meu Amor - UNIVERSAL
06 Rapazolla - Coração - UNIVERSAL
07 Daniel - Os Amantes - WARNER
08 Leonardo - Meu Mel - UNIVERSAL
09 KLB - Carolina - UNIVERSAL
10 Ira! – UNIVERSAL e Pitty - Eu Quero Sempre Mais – DECKDISC

Curiosamente, nota-se que entre as mais tocadas só aparecem artistas das grandes gravadoras: Universal, Warner, Sony.

Ainda no portal do Vírgula existem notícias sobre música. Veja algumas delas publicadas na mesma data das 10 mais:

iPop: Wanessa Camargo (Sony) comenta Madonna e músicas favoritas
Faixas do novo disco de Michael Jackson (Sony) serão escolhidas por fãs
Madonna (Warner) 50 anos: Todas querem ser a Diva
Edu Ribeiro e Armandinho (Universal) comandam noite reggae no Rio de Janeiro

Mais uma curiosa coincidência. Todos os artistas pautados nas matérias que saíram no site são de artistas das mesmas gravadoras das 10 mais.

Isso mais parece um quebra-cabeça, porque se formos mais a fundo, o Tutinha, dono da rádio Jovem Pan já foi sócio, no Portal Vírgula, do Calainho, Vice Presidente da gravadora Sony Music.

…e cada um que tire suas prórpias conclusões.

Prata da Casa e Plataforma

O SESC é um dos grandes incentivadores da cultura e da arte em São Paulo. Bandas e artistas que ainda não têm espaço na grande mídia contam com dois projetos que acontecem semanalmente no SESC Pompéia para mostrarem seu trabalho.

O projeto Prata da Casa abre espaço para novos artistas e conta com a apreciação de um crítico musical que seleciona os participantes a partir da qualidade e repertório, diferenciando o Prata da Casa de projetos similares.
O Plataforma serve como “base de lançamento” para CDs e DVDs dos artistas.

Para se apresentar nos dois projetos é necessário que a banda tenha músicas de própria autoria e registro na OMB (Ordem dos Músicos do Brasil).

Agenda do mês de dezembro

Para conferir basta retirar o ingresso com uma hora de antecedência do início da apresentação. Grátis.

Mais informações:
SESC Pompéia 11 338717790
Rua Clélia, 93 – São Paulo
email: email@pompeia.sescsp.org.br

Sem juízo, mas com talento de sobra

Conheci o Pélico por acaso, nestas minhas andanças virtuais a procura de algo novo. E sabe aqueles encontros que em poucos minutos de conversa, o papo já vira festa? Foi exatamente assim que me senti ouvindo suas músicas. Meus ouvidos festejavam a cada acorde de violão, a cada frase cantada ou contada... Porque sim, muitas vezes o cantar de Pélico soa como se ele estivesse narrando, contando uma história. Como Belchior, mas de uma grande metrópole.

“Pélico é um sobrenome, e não é muito comum. Então fica meio no ar: ninguém sabe se é o nome de um cara, de uma banda ou o que significa”, fala Pélico, um cantor de 32 anos que, como ele mesmo diz em seu Myspace, “está pronto para o estrelato”.

“Eu já tinha gravado um EP em 2001 e um disco em 2003, mas este é o primeiro álbum que estou lançando no mercado”, diz o músico, se referindo ao “O Último Dia de Um Homem Sem Juízo”, que foi lançado no SESC Vila Mariana dia sete de novembro.

Suas referências musicais? Várias. Beatles “que eu ouço até hoje pelo menos uma vez a cada dois dias”, Mutantes, Itamar Assumpção, Tom Zé, Luiz Melodia “fiquei louco por Pérola Negra, ouvi este álbum uns seis meses sem parar”, Caetano, Chico, “mas eu diria que Itamar Assumpção, Mutantes e Beatles é que criaram minha base musical”.

O álbum de Pélico está disponível por completo, para ouvir, no site da Trama Virtual. E tem 6 músicas que podem ser baixadas gratuitamente. Se gostar do som, pode ir conferir de pertinho: sábado, dia 29/11, ele vai tocar junto com o Bazar Pamplona, na Casa do Mancha. Dia 13/12, com o Los Pirata, novamente na Casa do Mancha e dia 18/12 na Livraria da Esquina.

E-mail para contato: contato@pelico.com.br

Abaixo, a música “O Último Dia de Um Homem Sem Juízo”, que dá nome ao álbum.

BDG: Vitrine das Bandas Independentes

É notória a dificuldade de divulgação das bandas independentes, que não tem espaço na grande mídia. Uma boa opção para os artistas que estão começando e que não tem contrato com grandes gravadoras é o site Bandas de Garagem, BDG. Um site de divulgação do trabalho das bandas independentes, o BDG é totalmente de graça e com boa qualidade. Uma vitrine para aqueles que batalham sozinhos por um espaço no mercado fonográfico e que já têm suas obras concretizadas com tanto esforço.

Dentro do site existe o Rota BDG, que é um programa de entrevistas e boa música, onde os convidados mostram o que o cenário independente tem de melhor e os internautas tem a oportunidade de conhecer as bandas.

O site também é uma ótima opção para quem é produtor musical, organizador de eventos ou vive de música. Tornau-se um meio para conhecer novos talentos, estabelecer contatos e descobrir novas oportunidades, sem gastar tempo e dinheiro.

Para os internautas apaixonados por boa música e cansados do que toca por aí, dentro do site Bandas de Garagem, encontra-se a Rádio Garagem, que está repleta de sons inéditos que levarão os ouvintes a um novo plano musical.

Quem são os donos da mídia

Sabia que o Brasil possui 515 veículos controlados por 35 grupos de abrangência nacional? Você que gosta ou trabalha com música e sabe o quanto é difícil conseguir divulgar um trabalho independente na grande mídia, vai entender como funcionam os grandes grupos de comunicação no Brasil e quem são os donos da mídia.

O projeto "Donos da Mídia" é uma importante base de dados com gráficos, mapas e tabelas sobre os diversos grupos de mídia no Brasil. Esse trabalho foi idealizado pelo jornalista Daniel Herz (que faleceu em 2006) e por um grupo de pesquisadores de Porto Alegre.

Entre as pesquisas e estudos feitos pelo projeto Donos da Mídia, o grupo fez um levantamento completo dos políticos que possuem participação direta em emissoras de rádio e TV, algo que vai contra a Constituição, que no artigo 54 diz que detentores de cargos públicos não podem participar de "empresa concessionária de serviço público" (emissoras de rádio e TV).

Vale a pena conferir este mapa da comunicação social brasileira!

O lixo nosso de cada dia

Outro dia, ao abrir a página de um site, as manchetes da área destinada à música eram: “Casamento de Amy acabou, diz jornal”, “Madonna empresta livros para converter Britney Spears à cabala” e “Michael Jackson deve depor em caso de príncipe”. Fiquei pensando “Ta, e daí? O que é que eu tenho a ver com isto?”. Não é novidade para ninguém que fofoca vende. Mas colocar isto na área destinada à música, para mim, já é apelação. Não deveria estar na área de celebridades?

Em um país onde a cultura já é defasada, o jornalista, que tem como dever trabalhar em prol da sociedade, suprindo-a de informações relevantes, acaba fazendo o contrário, e no espaço reservado à cultura, você acaba encontrando lixo.

Geralmente a desculpa por parte destes produtores de desinformação é “Mas é disso que o povo gosta! Se você faz um trabalho que exija um pouco mais de intelecto, ninguém presta atenção!”. E então fico eu a pensar: será que é disto que realmente o povo gosta? Não sei. É muito duro ter de acreditar nesta afirmação. Posso ser romântico? Talvez. Mas prefiro assim.

MySpace Music – Portal da música independente

O My Space é um serviço de rede social que utiliza a Internet para comunicação online através de uma rede interativa de fotos, blogs e perfis de usuários.

Um dos primeiros grupos a utilizar o MySpace foram músicos e bandas. As bandas o utilizam para estabelecer uma presença online gratuita, com o objetivo de divulgar seus trabalhos e comunicar-se com seus fãs.

Em 2004, o MySpace tornou-se o portal da música independente na internet com a criação do MySpace Music, uma subseção no MySpace. O novo espaço não apenas permite às bandas criar uma presença online, mas também que outras pessoas ouçam suas músicas através de seus perfis e baixem versões em mp3 de suas músicas e tudo de forma gratuita. Isso atraiu ainda mais os músicos, além dos maiores consumidores de música: os adolescentes.

Mas o que eles querem? Liberdade de expressão sem censura. E o MySpace proporciona justamente isso. As únicas coisas que o Myspace censura são: ofensas e nudez explícita. Ele é mais acessível e adaptável que qualquer outra rede social. Os usuários podem adicionar músicas, vídeos, gráficos, fontes novas e layouts diferentes a seus perfis. Todos podem acessar os perfis, mesmo que não tenham se registrado e não precisam ser filiados a nenhuma entidade para acessar o site.

Música e Teatro

Quando for assistir uma peça teatral, que tal um showzinho antes? Esta é a idéia do projeto “Som da Sexta”, que acontece no hall de entrada do teatro Sérgio Cardoso toda sexta-feira. As apresentações promovem novos talentos musicais e são abertas a todos, isto é, tanto aos que vão assistir às peças em cartaz no local, tornando a espera pelo início do espetáculo mais prazerosa, quanto àqueles que desejam apenas fazer um programinha musical.

Em clima de happy-hour, os shows começam às 19h30 e são inteiramente gratuitos, convidando a população a sentir-se parte do espetáculo. O “Som da Sexta” é uma produção da APAA – Associação Paulista dos Amigos da Arte.

Teatro Sergio Cardoso

Rua Rui Barbosa, 153 - Bela Vista

Fone: 11 3288-0136

Música boa, amigos e cheiro de torta

Com levada folk, ao ouvir Homiepie, você tem vontade de pegar a estrada de Santos, como diria o Robertão, colocar o cd no “toca-fita”, como diria o meu avô e descer cantando, em um dia ensolarado e feliz!

A banda paulistana formada por Six, Denem e Bruna, com apenas cinco meses de vida, acabou de gravar o seu primeiro Ep, o Fireworks, feito de forma bem caseira, que está inteiro disponível para download aqui, no site da Trama Virtual. Se joga! Além de baixar tudo de graça e curtir um som legal, você ainda ajuda a banda a ganhar uma graninha.

“E este nome estranho, de onde vem?”, você deve estar se perguntado. Então, homiepie vem da expressão "homie", muito usada pelos cantores americanos de hip-hop, que quer dizer amigo de infância, de bairro, aquele que cresce junto com você. Pesquisando pela internet, Six e Denem acharam a palavra “homiepie” que significa amigo com cheiro de torta. E bingo! Assim foi escolhido o nome da banda. E não é que eles acertaram em cheio! Ouvir suas músicas e não pensar em amigos e coisas gostosas é impossível!

Abaixo, a música “Color Blind”, que me lembrou muito Beach Boys. Divirta-se!

Mais uma, entre tantas outras

A banda Namastê existe há 10 anos e é mais uma, entre tantas outras, que podemos chamar de banda independente. Ainda não tem uma gravadora para poder divulgar seu trabalho, mas mesmo assim, não desistem. Talentosos e batalhadores, contam que a internet é uma boa forma de divulgar o trabalho de bandas que ainda não são reconhecidas nacionalmente.

Ajuste o Dial: Os blogs são importantes na divulgação do trabalho da banda Namastê?

Banda Namastê: A internet, de um modo geral, é a grande ferramenta hoje, das bandas independentes.

AD: Qual a maior dificuldade de novas bandas para conseguirem um espaço no mercado musical?

BN: Investimento. Pois hoje, é muito raro uma gravadora investir numa banda, salvo algumas excessões. Pois a pirataria limitou muito o montante de verba para novos artistas.

AD: Como bandas independentes se mantêm financeiramente num meio tão fechado, difícil e com a falta de oportunidades?

BN: Na verdade, se mantém porque são batalhadoras e buscam formas alternativas e, com mais profissionalismo, para vencer a barreira da falta de "grande investimento".

AD: Acredita na possibilidade da mudança desse cenário?

BN: Sim. Embora existam dificuldades pré-definidas, na música não existe uma fórmula de sucesso!! Então... Estamos em busca da nossa!!!!

Saiba mais sobre a banda Namastê, história, shows, fotos e letras de músicas: http://ajusteodial.wordpress.com/wp-admin/www.bandanamaste.com.br